O sucesso da segunda edição das Mil Milhas Históricas Brasileiras, viabilizada pelo meu incansável xará, Dr. Luis Cezar, e que contou com Nelson Piquet e Roberto Moreno entre os participantes, dá motivos de sobra para o antigomobilismo brasileiro comemorar. Se já tínhamos consolidado um evento estático de nível internacional - o de Araxá -, temos agora também, chancelada pela FIVA, uma prova nos moldes da Mille Miglia italiana, que, como na primeira edição, contou com carros de altíssimo nível convivendo com modelos mais prosaicos, como o onipresente Fusca. E, como ocorreu no ano passado, a vitória coube a um súdito da Rainha, este belo Jaguar Mk2, um veterano das provas de rali do MG Club - a cobertura completa da prova está aqui.
Até 1955, quando foi lançado o Mk1, a Jaguar se notabilizara muito mais, no pós-guerra, pelos seus arrojados esportivos XK 120 do que pelos seus sedãs de estilo e concepção ortodoxa, parecendo versões em 7/8 dos Rolls-Royce. Com a veia esportiva consolidada, Sir William Lyons determinou a concepção de um sedã moderno, com estrutura monobloco e refinamento de projeto capaz de fazer jus ao desempenho dos motores da série XK, de duplo comando no cabeçote, inspirados (ou mais do que isso) no motores Alfa Romeo de Vittorio Jano e que seriam aproveitados, praticamente sem modificações, nos E-Type da década seguinte. O sucesso do Mk1 encorajou a Jaguar a lançar sua versão aperfeiçoada, Mk2, que foi muito apreciada tanto como sedã de luxo quanto como legítimo esportivo, tendo alcançado sucesso nas provas de turismo e vendido muito bem em uma Europa novamente sedenta por velocidade na medida que as feridas da II Guerra iam ficando para trás. Seu sucessor foi o XJ, que herdou a veia esportiva e é visto por muitos como o último representante dos anos de ouro da Jaguar.